sábado, 13 de setembro de 2008

NO "ABERTURA DE CONTAS" PROSOPOPÉIA

Segunda-feira, nove e cinquenta da manhã. Rosa se prepara para mais um dia, mais um dia estressante, como todos os dias últeis. Rosa, pra quem não sabe, é a cadeira que fica em frente à mesa do gerente do Banco. O gerente, como todo mundo sabe, é o cara que senta atrás da mesa do gerente e é responsável, entre outras tarefas, pela abertura de contas. E Rosa, como boa cadeira que é, atende todas as bundas de futuros clientes do Banco, confortavelmente.Rosa sempre me conta sobre as nádegas dos clientes, e me relata casos. Na noite de ontem, quando todos os funcionários do Banco já haviam se retirado, Rosa me contou sobre o magricela de calça xadrez que queria abrir uma conta e nem mesmo tinha um comprovante de residência. Segundo Rosa, o magricela alegou que não tinha comprovante de residência porquê, simplesmente, não tinha residência. Rosa começou a divagar (ela tem mania de ponderar sobre um assunto em plena narrativa dos casos) que realmente fazia sentido o que o magricela dizia, pois só mesmo quem não tem um lugar onde morar pode estar tão desleixado, feder tanto quanto ele fedia (por não ter um banheiro pra se lavar) e ter uma bunda tão magra, seca e tão inquieta quanto a dele. "Isso dói, minha gente", dizia ela em tom de lamento. Mas só mesmo quem sabe da vida de Rosa pode imaginar o quanto ela está certa ao falar de dor. Imagine você, caro leitor, uma bunda magricela dolorosamente inquieta a lhe esmagar a cara. Você talvez não faça idéia do quanto isso é estressante, mas Rosa, tanto quanto eu, sabe muitíssimo bem do desconforto que isso causa. Não que eu saiba nada sobre bundas, pois sou uma máquina datilógrafa, mas eu sou sofredor do desconforto dos dedos do bendito gerente a me apertar todo santo dia útil. Nesse exato momento Rosa estufa seu estofado pra fora enquanto eu rezo um "pai nosso", pois já se passaram os dez minutos que faltavam para a abertura do Banco. As portas do "inferno" se abrem e nos trazem mais e mais clientes e futuros clientes. E recomeça todo o processo de dedadas e bundadas na coitadinha da Rosa."Rosa, se prepara!", eu aviso euforicamente. "Ai, meu Deus! Será outro magricela?", me pergunta Rosa. "Quem dera fosse!", respondo eu, e Rosa imagina logo do que se trata. Porque pra ser mais incômodo que uma bunda magricela, só uma bunda de 100 kg. E lá vém o gordão, com sua calça jeans apertada, uma carteira num bolso e um bolo de chaves no outro. Coitadinha da Rosa. Amanhã ela me conta o martírio...se ela sobreviver!

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